bom gente cometi um erro este aqui é o Capitulo 3!!!


Azar e sorte fatos da vida, da minha e da sua, Da vida te todo mundo. O que fez minha inútil caminhada se prolongar mais um poço, foi bom? Acho que... Sei lá... Decida você!


 


 


Na maioria dos anos e que ela me criou, tudo correu bem, era só eu e ela e seu bom salário. Nem por isso tive tudo que quis, tive apenas o necessário o que ela queria me dar, eu por outro lado, não pedia, nem fazia exigências (eu achava que não tinha esse direito), queria apenas que ela, Sonia, me desse o essencial para poder caminhar, eu e Meu salário.


E assim ela fez, me pagou a faculdade e cursos de línguas, a escolha de que carreira seguir foi fácil, nunca me dei bem com pessoas, nem animais, nem insetos, nem de arvores, meu destino era ficar em uma sala fria de concreto, como companheiros: papéis, números e solidão, Ou na frente de um computador, e foi o que fiz virei um programador. Criar programas e no meu tempo vago montar um computador (pra relaxar). Na verdade cada um escolhe como levar a vida, e não era a profissão que eu escolhi que me levaria a solidão, eu decidi por esse caminho, não sabia ser de outro jeito, na minha “programação” de interação social faltou ser instalados alguns softwares.


        Oi tudo bem?


        Qual seu nome? O meu é Frederico, meus amigos (isso é se tivesse amigos) me chamam de Fred.


        Você mora a onde? Quantos anos? Pra onde ta indo?


        ...


        ...


        É... Bom, tchau, até outro dia. Hehe...


Não gosto muito de conhecer pessoas, gosto, às vezes, de conversar e sou bem divertido e simpático quando o faço, até o momento em que o assunto acaba... E o silencio predomina, me deixando incomodado e sem sabem o que fazer, por isso não gosto de começar uma conversa que não vou saber manter e terminar. Sou assim. Dou-me bem apenas com o que não me cobra. Uma vez pensei em ser diferente, não pude. Quem sabe se tentasse com mais afinco, sem medo de quebrar a cara. Talvez. Não fiz, não adianta mais.


        Oi de novo, bom dia como você esta hoje?


        Ah que bom, eu também estou bem, e ai você parece cansada.


        Ah... Que pena, mas você vai melhorar, pode ter certeza!


        Eu? Estou bem aliviado, não tenho feito nada.


        ...


        ...


        Você que... Você quer, é, bom, sair quem sabe um dia desses comigo? Bom, sei que deve estar ocupada e tudo, e que vai dizer não e tudo, mas você quer?


        O que? Talvez. Se eu soubesse o que quero?


        ...


        ...


        Ah bom, então tchau, até outro dia. Ou nunca mais.


É eu nunca ganharia um debate na minha vida. Realmente não era bom ou não queria ser bom no lado amoroso. Ou talvez eu queria que algo mágico ocorresse, me deixando de cara com um amor verdadeiro. Idiotice, pessoa ideal é igual placebo: só funciona porque você pensa que funciona.


 


Agora são seis horas, e a noite já cobriu o céu, e eu ainda estou aqui: vivo e olhado pela sacada do prédio que moro a quase 50 anos. Lá em baixo, parece que algumas pessoas pararam de caminhar e começaram a viver.


Casal sentado na praça, pipoqueiro, cachorros e seus donos, a multidão de alunos e pais na frente da escola, preparando pra sair, o fim do dia para muitos, à volta para casa, para o sofá, para a TV, há quem ache isso o maior conforto.


Tia Sonia, por exemplo, adorava sua TV de 29 (como ela chamava). Adorava suas novelas, ela nunca vinha nessa sacada olhar a rua, a lua. Chegava do trabalho e jantava vendo a novela, eu vinha pra cá e ficava lendo um livro, ou ia pro meu quarto ouvir musica. Adorava, nos fins de semana quando podíamos conversar, ouvir um Djavan, Caetano, o Tim. Doeu dizer adeus.


Depois da formatura, dois dias depois, que ela tinha comprido o seu papel como: Avó, avô, mãe, pai, tia, amiga. Ela me deixou. No seu enterro, vários amigos, colegas de trabalho e o que mais me impressionou: não um, nem tão pouco dois, mas sim três namorados. Morreu jovem, apenas 58, posso dizer que ela viveu, deixou muitos para lembrarem dela.


Para mim, ficou tudo. Tantos bens matérias... O apartamento, um terreno, uma boa quantia em dinheiro numa conta para mim. Preferia minha única companhia de volta. Crescer dói, viver dói. Sozinho pior ainda.


Ela, ainda em vida ajudou muito uma ONG, do bairro que eu nem sabia que existia, se você for lá, verá uma grande foto dela, com seu nome em dourado.


Sorrio.


        O QUE EU DEIXAREI!? Grito na noite. Danem-se os vizinhos.


 Um ano depois de sua morte, e já empregado. Comprei um carro. Queria viajar, sentir a estrada, me sentir adulto, com o mundo nas mãos, nada a me prender: Eu tinha uma bela conta no banco, e um lindo cartão de credito na carteira. Essa é a liberdade nesse mundo em que vivemos. A Liberdade (realmente a tinha).


 Entrei no carro, coloco o cinto, a chave na ignição, ligo o carro, pé na embreagem e no acelerador, freio, mãos no volante. Todos os caminhos para ir, nenhuma vontade de prosseguir. Nenhum destino realmente desejado, nenhuma coragem de buscar o desconhecido. Medo. Solidão, (novamente ela).


Não consigo continuar.


Quem sabe se eu tivesse alguém pra compartilhar essa liberdade. Eu conseguiria sair da garagem do meu prédio. Quem sabe se Ela estivesse aqui comigo naquele dia, quem sabe... Um beijo. E tudo mudaria. Eu tenho certeza.


Sai do meu prédio aquele dia, angustiado e profundamente decepcionado comigo mesmo. Sabia o que me faltava, e sabia o que me fazia triste, no entanto não conseguia agir. Era como estar preso em um quarto com a chave na mão e não achar a fechadura. A impotência.


Lembro que depois daquela caminha, voltei decidido, peguei o carro e sai. Rodei pela cidade e a noite chegou, andei mais até encontrar uma casa de shows, uma boate, um bar com ambiente bom. Disposto a conhecer pessoas, queria encontrar alguém.


Naquela noite conheci Sofia, e nos demos bem logo de cara, ela era linda, um pouco tímida, mas simpática e comunicativa, inteligente, perfeita. Não me lembro de onde tirei coragem, nem sei como consegui ter uma conversa agradável com alguém, parecia que tínhamos uma ligação, o que eu mais desejava na vida era ter essa ligação com alguém, achar a pessoa certa. Parecia que eu tinha encontrado.


Azar e sorte fatos da vida de todos, parecia incrível como eu tinha encontrado um amor tão ao acaso, quase sem querer.


Depois daquela noite, nos encontramos no seu apartamento, ela tinha vinte e quatro anos. Fez aniversario naquela noite, e seu presente, (e o meu também), foi uma linda e gostosa noite de amor.


A cada dia nos amávamos mais e mais, começávamos a fazer planos, comecei a pensar no futuro novamente, e vivíamos como duas crianças num parque de diversões chamado: vida. A gente só vive realmente quando é criança, depois disso caminhamos em direção a um futuro, muitas vezes sem prestar atenção nas paisagens.


Comecei a fazer amigos, praticar exercícios, um futebol no fim de semana, os nossos amigos de festas. Ela era muito popular, o seu trabalho lhe permitia conhecer varias pessoas, (era uma linda enfermeira).


Foram dois ótimos anos de volta a vida, o casamento se aproximava, e pela primeira vez na minha vida eu ia ter uma família numerosa, sogra, sogro, cunhada e cunhado, sobrinhos tortos e etc. Os sonhos se realizavam. Mas como todo sonho bom, a minha felicidade chegou ao fim, uma semana antes do nosso casamento, tínhamos completado dois anos e meio juntos. Assim como a sorte chega e se vai, o azar fica e traz a dor.


Era uma noite normal de sábado, voltávamos de um barzinho com musica ao vivo, tinha sido uma ótima noite iríamos pro meu apartamento, era o mais próximo e estava um pouco tarde. Não tínhamos bebido muito, por isso eu fui dirigindo, estava consciente o suficiente para isso. Não foi minha culpa. (é o que repito para mim mesmo todas as noites que acordo com esse pesadelo). Numa encruzilhada, de uma via rápida, um imbecil que pensou não ter problema atravessar o sinal vermelho àquela hora da noite, (alcoolizado, e acima da velocidade permitida), colidiu, batendo de frente com o lado do passageiro. Esmagando, quebrando, minha linda e amada mulher, e dentro dela, meu filho. Ela, (soube eu mais tarde), estava grávida.


Ser adulto dói. E muito.


 

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